Estas são algumas palavras das muitas que Vinícius usou na contra capa deste disco. O texto é maravilhoso, e fiz um post só com a transcrição dele feita a partir da imagem dessa contra capa, que achei no blog "Pirata do Rock".
O texto é parte integrante do álbum. Nele, Vinícius conta do processo do trabalho, de como tudo se deu. E a palavra que ressalto nesse primeiro momento é ENCONTRO. Encontro de duas pessoas extremamente diferentes, o tímido e jovem Baden, o boêmio e já não tão jovem Vinícius. E dos dois com uma imensa lacuna que era o Candomblé.
O processo de trabalho e de pesquisa foi intenso. Desdobrou-se e inclusive antecipou o próprio álbum, como na faixa "Berimbau", por exemplo, que é anterior ao álbum. Nos três primeiros meses, segundo o próprio Vinícius, os dois não queriam sequer sair de casa. O que era uma lacuna passou a ser uma garganta em que os dois pularam. E surge uma segunda palavra para o trabalho: ENTREGA.
De alguma forma, ENCONTRO e ENTREGA vão se desdobrando a cada toque do run. E geram descobrimento, redescobrimento, deflagração, mergulho. E uma perícia no trato das questões técnicas, um respeito a cada ewó¹. Com um entendimento de que a materialidade sonora,não só faria referência a um tema específico - no caso, um orixá - mas também era, em cada nota, parte da construção de conceito, de discurso e de mais materialidade. As três coisas juntas: Era axé.
Segue a imagem da contra capa com o texto de Vinícius:
Vinícius nesse momento é crítico do próprio trabalho. E antecipa, em 1966, uma tendência da arte contemporânea. Além disso, traz para o processo do seu trabalho musical a isenção do ambiente empostado de gravação. Traz pessoas alheias ao mercado da música, como pessoas encontradas pela cidade, e mesmo amigos, para participar da gravação. Pelo axé que trazem consigo para o processo de gravação. Por isso ele diz que "foram escolhidos a dedo", na contra capa.
Ele mesmo, o poetinha, o popular, o vulgar, o das massas. Ele mesmo, Oba Vinícius. Que se disse o branco mais preto do Brasil, e era da linha direta de Xangô. E saravá!
Sem mais delongas.
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Tipo de arquivo: RAR
Tamanho: 56,2MB
Disco Completo
http://www.4shared.com/file/GDuqPBNX/1966_-_Os_Afro_Sambas__Forma_.html
Faixas:
- Canto de Ossanha - 03:23
- Canto de Xangô - 06:28
- Bocoché - 02:34
- Canto de Iemanjá - 04:47
- Tempo de amor - 04:28
- Canto do Caboclo Pedra-Preta - 03:39
- Tristeza e solidão - 04:35
- Lamento de Exu - 02:16
Informações sobre o álbum:
Artistas: Vinícius de Moraes e Baden Powell
Nome: Os Afro-Sambas
Ano de Lançamento: 1966
Gravadora: Forma
Ficha técnica:
Produção e direção artística:
Roberto Quartin e Wadi Gebara
Técnico de gravação: Ademar Rocha
Contracapa: Vinicius de Moraes
Fotos: Pedro de Moraes
Capa: Goebel Weyne
Arranjos e regência: Maestro Guerra Peixe
Vocais: Vinicius de Moraes, Quarteto em Cy e Coro Misto
Sax tenor: Pedro Luiz de Assis
Sax barítono: Aurino Ferreira
Flauta: Nicolino Cópia
Violão: Baden Powell
Contrabaixo: Jorge Marinho
Bateria: Reisinho
Atabaque: Alfredo Bessa
Atabaque pequeno: Nelson Luiz
Bongô: Alexandre Silva Martins
Pandeiro: Gilson de Freitas
Agogô: Mineirinho
Afoxé: Adyr Jose Raimundo
2 comentários:
thanks
só faltou a intro que é sensacional
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