"Mi musica tiene sabor a melado de caña"
Muito lindo isso.
Orishas fizeram um relativo sucessinho aqui, com basicamente uma música que todo mundo conhece. E é justamente dela que eu vou falar hoje. rs FUEN FUEN FUUUUEEEENNNN
Meio chato mostrar uma coisa que todo mundo já sabe e já conhece, mas na obra dos Orishas, tirando o próprio nome, é o que mais se aproxima do Candomblé. Da Santería, no caso. Ao menos inicialmente, vai, não tenho TANTO contato com o que os caras produzem, mas tô começando a andar. E até então, essa é a mais pertinente para o tema.
Esse primeiro esforço é como o começo de uma construção de uma ponte que vai do Brasil à Cuba para trazer a Santería. E, desta forma, para que possamos estar mais familiarizados um com o outro e, sendo assim, ver mais semelhanças que a origem. E mais diferenças que o sotaque.
Além da citação no final a "Eleguá, (...)Ochún", existem referências explícitas o tempo todo à questão da ancestralidade. Este pensamento é algo que é fundamental no culto, e que tem, como algumas de suas ramificações, o conceito de egun e o culto de Egungun.
Traduzir "Egun" por "Espírito" é complicado, porque os conceitos não se comunicam tanto quanto se imagina. Mas, inicialmente e com uma margem de erro bem considerável, digamos que Egun seja o espírito das pessoas mortas. E que o culto de Egungun evoque, dentro desses eguns, os antepassados.
O culto de Egungun é feito num espaço separado das casas de Candomblé. No entanto, faz parte de um dos cultos que o Candomblé englobou quando foi criado no Brasil.
O QUE? CANDOMBLÉ FOI CRIADO NO BRASIL?
Sim. O formato tal qual existe é Brasileiro, embora os mitos sejam africanos. Por conta da diáspora africana, habitantes de povoados diversos, com deuses diversos, estabeleceram-se no país. Isto deu uma enorme diversidade à religião. E, com isso, existe um grande número de orixás dentro do Candomblé. Não todos, muitos ficaram pela África, muitos não existem mais. Muitos cultos foram extintos mesmo dentro do Brasil. No entanto, alguns fundamentos e o fato de serem todos louvados pelo mesmo xirê vêm, definitivamente, de ancestrais mais próximos. De ancestrais brasileiros.
Por conta disso, eu refuto a idéia de que o Candomblé é de uma ancestralidade "dinossáurica", que sempre foi assim e que sempre será. Não é bem por aí. Ou melhor: É também por aí, mas tem outros ipsilones no meio disso: Há muito de contemporâneo. Há muitas leituras que, se não são recentes, são do século passado, de dois séculos atrás.
Muita coisa foi adquirida no território brasileiro. De cantigas que possivelmente foram criadas aqui em Yorubá, até a utilização de plantas e sementes que, até então, só existiam nas Américas. Como o milho, por exemplo. Milho esse que está nas comidas de Oxóssi, e na pipoca de Obaluayê.
Os mitos e cultos são africanos. A leitura brasileira e a conjunção desses mitos e cultos num mesmo espaço geraram o Candomblé. Pela necessidade, pela possibilidade de união e conjunção de forças, frente a toda sorte de repressão e crueldade que era o contexto em que viviam os africanos no Brasil.
Os mesmos mitos e cultos, no entanto, também foram lidos em outros lugares. Também foram estruturados de outra forma, e Cuba está aí. Linda e cheia de axé. Através da música e da arte existe, então, uma possibilidade de contato entre esses axés. De diálogo.
E, com muita humildade na trouxa, é um caminho que a gente pode tentar seguir, e que vai nos levar a lugares maravilhosos.
Segue a música:
http://www.4shared.com/audio/ji67D9wo/07_Represent.html
Letra:
http://letras.terra.com.br/orishas/29595/
Essa música vem do álbum "A lo Cubano".
http://www.4shared.com/file/lh6nwd20/Orishas_-_A_Lo_Cubano.htm
Artista: ORISHAS
Ano: 2001
Procedência: Nacional
Label: Universal Music
ISSN: 601215957129
Motumbá
Helena
P.S.: Agora que eu vi que tem um "Canto ára Eleguá y Chango" que no meu primeiro download não tinha... ¬¬ Desconsiderem, então, a parte de "mais pertinente", até porque ainda não ouvi a música e não sei se de fato é.
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